por Marcello Fonseca
Quando iniciei meu treinamento em transplante de córnea, em 1994, os transplantes penetrantes reinavam soberanos, independentemente da doença que se apresentava. Com uma excisão de 7 a 8 mm, substituição de todas as camadas da córnea e 18 ou 24 suturas, a recuperação visual costuma ser lenta, podendo levar de 3 meses a 1 ano para o retorno completo às atividades.
Ao longo dos anos, técnicas de transplantes parciais atingiram um grau de aperfeiçoamento que as tornaram preferencia da maioria dos cirurgiões nos dias de hoje.
Doenças estruturais que acometem o estroma da córnea, como o ceratocone e as cicatrizes superficiais, passaram a ser tratadas com transplante lamelar anterior, preservando a camada celular mais interna, chamada de endotélio, e praticamente eliminando a possibilidade da rejeição. O D.A.L.K. Como é chamado, tornou possivel que pacientes sejam submetidos a apenas um único transplante de córnea em sua vida, o que raramente ocorria com o transplante penetrante, que tem em média 15 anos de sobrevida.
Já as doenças do endotélio podem ser tratadas com o transplante endotelial apenas. Nesta técnica, conhecida como D.M.E.K., sem grandes incisões ou suturas, a recuperação visual pode ocorrem em alguns dias.